Bichas

Todos nós, de uma maneira ou de outra, já estivemos numa (reparem, eu disse "ou de outra").

Bicha para levantar dinheiro.
Bicha para comprar bilhetes para o Benfica - FC Porto.
Bicha para pagar o estacionamento.
Bicha para entrar no Pavilhão da Alemanha na Expo 98.
Bicha para o WC.
Bicha para reclamar com o serviço prestado pela TV Cabo.
Bicha para por gasolina.

À minha frente, na bomba da GALP de Palmela, apresentava-se um senhor para cima dos 50 anos, meio careca, farto bigode grisalho, usando uma camisa de flanela vermelha aos quadrados pretos.

«Porque é que isto é importante?»
Não é. Só que ele teve 10 minutos, a segurar a mangueira e a bombear gasolina à minha frente, e por isso deu para reparar que ele ia ao ginásio.

«É aqui que entra a parte das bichas?»
Ainda não.
«Olha que se calhar é...»

Eu já vi quem derramasse gasolina na bomba, e também quem tenha de pressionar várias vezes o manípulo porque aquilo estanca de repente. Só que este homem não aparentava ter problemas a por gasolina, e nos 10 minutos que ali esteve continuou a bombeá-la sem parar, sem erros.

E aqui é que vem a parte da bicha.
Atrás de mim (salve seja), 5 carros formaram "filinha pirilau". Os condutores, impacientes com a espera, saíam dos carros por acreditarem haver um erro qualquer na Bomba 1. Ou então porque não suportaram a ideia da flanela combinar com bombazine. E eu, que estava mesmo ali atrás dele, continuava incrédulo: para onde é que vai tanta gasolina?

Só pode haver aqui algum engano.


Nope!

A Vespa daquele homem gastava 100 aos 100. E acredito que o recheio da casa dele tenha sido feito às custas dos pontos GALP.

Enchi o peito de coragem, fui até à caixa, e pedi para pagar 5€ de Gasolina 95 sem chumbo na Bomba 1..